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CINEMATECA BRASILEIRA

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CINEMATECA BRASILEIRA

Cinemateca Brasileira

A importância da CINEMATECA BRASILEIRA, casa da memória do cinema nacional, instituição de preservação do acervo de filmes no país: filmes que representam nossa memória em audiovisual ao lado também de outras cinematografias mundiais.

A Cinemateca Brasileira possui o maior acervo da América do Sul, mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema desde seu início até hoje.

A CINEMATECA BRASILEIRA surgiu no impulso de se valorizar a cultura e a identidade brasileira enquanto civilização de valores próprios, movimento já iniciado no Modernismo, na Semana de Arte Moderna de 1922 em seu desejo de fundar uma expressão original de nossa realidade, para além dos valores estrangeiros.

A necessidade de se criar condições para uma cinematografia nacional com bases em nossa realidade histórica e cultural, um cinema que se redescobrisse em sua linguagem de origem, e não copiada, provocou os Congressos paulista e nacional do Cinema Brasileiro, movimento que culminará com o pensamento de Paulo Emílio Salles Gomes em sua famosa revisão crítica onde promove a máxima de que “qualquer filme brasileiro nos diz mais que qualquer filme estrangeiro”.

Episodicamente, ao assistir, na Rua São João, a um filme de Tonico e Tinoco, a popular dupla caipira de então, em muito diferente de sua formação erudita, Paulo Emílio percebe a acolhida do público a rir e aplaudir o que vê na tela e redescobre, ali, o país.

Com Adhemar Gonzaga, dedica-se a elaborar os “70 Anos de Cinema Brasileiro” e sua reveladora teoria dos ciclos históricos em seu movimento, que nunca se esgotam. Pautou o futuro com sua obra: “Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento” e imortalizou o passado na sua biografia sobre Humberto Mauro.

Temos assim Paulo Emilio Sales Gomes como o principal mentor da Cinemateca Brasileira, cujo projeto se inicia em 1940, ao voltar de Paris, como se sabe, trazendo filmes doados por Henri Langlois, o que lhe permite a fundação do I Clube de Cinema de São Paulo junto com Décio de Almeida Prado, Antônio Cândido de Mello e Souza, entre outros.

Ontem, assistimos, aterrorizados, ao incêndio de um ou dois dos galpões cuja função é a guarda, manutenção e preservação de todas as matrizes principais deste material, em muitos casos, o único registro histórico das imagens do país.

Provavelmente, a documentação do Instituto Nacional de Cinema, do Concine, da Embrafilme e da ECA – USP. O pior é que não temos ninguém para nos dizer! Como se sabe, a Cinemateca foi fechada pelo atual governo. O espaço público que tem como obrigação ser um espaço aberto ao público está com as portas trancadas, sem funcionários.

Já estamos carecas de saber a verdade! A história não nos deixa mais ser ingênuos. É imperativo transferir o material depositado na Cinemateca Brasileira para um local seguro até que suas atividades possam retomar o pleno funcionamento.

Para isso, precisamos de empresários dispostos a investir, de políticos, de entidades e de juízes.

Precisamos que todos os autores de conteúdo depositado na Cinemateca Brasileira ou seus herdeiros, ou seja, os donos dos direitos patrimoniais, se juntem nesta luta e que os novos cineastas, jornalistas, documentaristas da era digital também se unam na consciência de que a conquista de hoje é fruto do que se construiu ontem.

Quem não tem condições de cuidar deve dar esta responsabilidade para quem tem.

Texto: Renata Saraceni

Renata Saraceni

Imagem: Cinemateca

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