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QUANDO FORMOS HUMANOS

filme a princesa e o sapo

QUANDO FORMOS HUMANOS

A Música, o Luzeiro e o Tempo – por Mirianês Zabot

A Princesa e o Sapo, conta a história de Tiana, a primeira princesa negra a protagonizar um filme animado da Disney, lançado em 2009. Tudo se passa na misteriosa Nova Orleans, no estado da Louisiana (EUA).

Lembremos a célebre frase “canta a tua aldeia e serás universal”, pois é, a Disney fez exatamente isso em A Princesa e o Sapo. Causando em nós uma imediata identificação com o roteiro, que aborda de uma forma muito delicada e lúdica, o melhor e o pior da humanidade e da nossa sociedade.

Através de personagens demasiadamente humanos e, – exatamente por esse motivo -, muito envolventes, o filme traz à luz de uma forma muito natural:

– de um lado questões como o racismo, a diferenciação de classes, ostentação, futilidade, preconceito, avareza e ganância; – do outro lado valores como a pureza, o sonhar, perseverança, dignidade, trabalho, família, amizade, amor, alegria, música, religiosidade e ancestralidade. Esses elementos juntos compõem o que chamamos de Cultura de um povo, – de uma aldeia -. Tudo isso se faz presente na animação, bastar ter o coração aberto para sentir.

Para contar essa história e apresentar cada personagem, os diretores John Musker e Ron Clements, usaram a música como fio condutor. E não poderia ser diferente, já que tudo acontece durante o Carnaval, na musical Nova Orleans dos anos 1920.

A trilha sonora de A Princesa e o Sapo, assim como seu roteiro é contagiante. São letras, melodias e arranjos muito bem casados e cheios de referências à história da música do sul estadunidense e aos mestres do Jazz.

A trilha da animação que marca o retorno da Disney ao formato dos musicais, foi agraciada com nomeações ou prêmios por importantes entidades da indústria musical e cinematográfica, como Grammy Award, Oscar, Revista Billboar e Rhapsody.

Todas as canções foram composta por Randy Newman, exceto “Never Knew I Needed” de Ne-Yo, que não foi traduzida para o português.

Entre as músicas que ganharam versão no nosso idioma, estão:

O Jazz “Quase Lá”, apresenta a esforçada e sonhadora Tiana, que desde criança tem o desejo de unir pessoas através da comida que ela serviria em seu restaurante. Nas palavras de seu pai: “Sabe o que a comida tem de bom? Ela reúne as pessoas de todas classes sociais, dá uma sensação boa e põe felicidade no rosto delas”.

“O meu pai me disse um dia
Tudo pode acontecer
Ver o sonho realizado
Só depende de você
Trabalhei bastante até aqui
Agora as coisas vão fluir…
Tantas lutas e problemas
Na vida tive já
Mas eu subi a montanha
Atravessei o rio
Estou chegando lá
Estou quase lá”

Já o fanfarrão Príncipe Naveen, sugere que o oposto seria uma ideia bem melhor…

“Cair na farra sem parar
Não soa nada mal…
Aproveite a vida então
Pra ter um pouco de diversão
É assim que as coisas são”
(Quando Formos Humanos)

A canção “Evangeline”, traz a pureza do vagalume Ray, que personifica o amor platônico por uma estrela que brilha no céu e que, ele acredita ser sua amada pirilampo a lhe esperar.

“Como ela tão linda assim
Poderia gostar de mim?
O amor sempre acha um caminho”

O Bluegrass começa a dar o tom em “Vamos Levar Vocês”, quando Ray conduz a festiva e reluzente quadrilha caipira de vagalumes “Pelo rio abaixo…”, em meio aos sinuosos pântanos da Louisiana.

O misticismo, que faz parte do imaginário de Nova Orleans, surge através do Dr. Facilier na música “Amigos do Outro Lado”. Ele pratica vodu, magia negra e faz pactos com forças sobrenaturais, em troca de favores.

Já a boa prática da religiosidade, aparecesse com a cativante cega, Mama Odie que, com sabedoria, nos faz enxergar a diferença entre “o que queremos” e “aquilo de que necessitamos realmente”. A personagem é uma homenagem à contadora de histórias orleniana, Coleen Salley.

“Cavando mais até o fundo
Descobrir quem são
Cavando mais até o fundo
Não é difícil não
Só assim vão descobrir o que precisam ter
O brilho do sol pode crer”
(Cavando Mais Até o Fundo)

O destaque especial vai para Louis, o divertido crocodilo trompetista, cujo grande sonho é tocar Jazz de improviso com os humanos, – sem apavorar ninguém, é claro! Louis representa todo amor e genuíno respeito que nós músicos, temos por ela, – a música.

Esse personagem, cujo nome é uma justa homenagem à lenda do Jazz e filho de Nova Orleans, Louis Armstrong, sintetiza toda a efervescência musical da cidade, que é considerada o berço desse gênero, que surgiu por influência dos ritmos e cultura africana, trazidos ao país pelos escravos.

“Se eu fosse um ser humano
Iria pra Nova Orleans
E com o meu trompete eu daria um show
Seria um dos galãs
Conhecem Louis Armstrong e Sr. Sidney Brushade
Todos eles vão aplaudir
Quando lhes contarem o que sei fazer”
(Quando Formos Humanos)

O filme musical A Princesa e o Sapo, mostra que os sonhos se realizam. E que se quisermos, podemos até substituí-los por novos e melhorados sonhos, no decorrer da vida. Já o repertório, nos inspira a sair dançando pela sala de casa… Sorrindo atoa! Depois de assisti-lo, me conta se você, assim como eu, não sentiu uma vontadezinha de ir conhecer…

“Uma cidade por onde o rio desce…
Onde a música começa cedo
E continua até o sol raiar…
Se quiser o bom da vida aproveitar
Venha pra Nova Orleans…
Ricos e pobres seus sonhos vão
Realizar em Nova Orleans”
(Lá em Nova Orleans)

Por Mirianês Zabot
* Texto publicado em 07/06//20 na coluna “Ouvimos”, do Cine.RG
[ Site: www.mirianeszabot.com.br | Instagram: @mirianeszabot ] Facebook: Mirianês ZabotOficial

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