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LEGADO PATERNO

a vida é bela

LEGADO PATERNO

A Música, o Luzeiro e o Tempo – por Mirianês Zabot

Dirigido e estrelado por Roberto Benigni, e com música original de Nicola Piovani, a comédia dramática “A Vida é Bela”, lançada em 1997, é uma das mais comoventes histórias sobre pais e filhos, já contadas pelo cinema. Em meio aos horrores do Holocausto, em um campo de concentração nazista, o judeu italiano Guido usa toda a sua imaginação e bom humor, para fazer com que seu pequeno filho Giosué acredite que tudo não passa de uma divertida gincana, com tarefas a cumprir e o objetivo de ganhar o grande prêmio: um tanque de verdade. Guido ainda encontra formas criativas de enviar mensagens de alento a sua esposa, também confinada. De forma lúdica e poética, o filme apresenta a mais nobre e a mais bestial das faces humanas.

O longa recebeu 9 premiações no David di Donatelli, 1 prêmio no Festival de Cannes, 3 Oscars, – incluindo o de Melhor Trilha Sonora -, e 1 indicação ao Grammy na categoria de Melhor Composição Instrumental. Antes do seu lançamento, surgiram críticas por conta da abordagem cômica que seria usada para falar de tamanha tragédia humana, porém, pela forma sensível como foi conduzido, a resistência inicial logo foi substituída por elogios, já que o filme em nada desrespeitou ou minimizou o sofrimento vivenciando pelas pessoas perseguidas durante a Segunda Guerra Mundial.

Destacam-se na trilha sonora de “A Vida é Bela”, as seguintes canções:

“La Vita è Bella” é a melodia alegre, leve e otimista, que aparece em cenas jocosas do filme, como por exemplo, quando Guido e seu amigo Ferruccio tentam colocar em prática o pensamento do filósofo Schopenhauer: quando há força de vontade tudo é possível. Essa é a ideia que norteia a vida do protagonista, – tanto nos dias mais suaves, quanto nos momentos sombrios -. A música retorna, como tema fundo para a hilariante cena de Guido, explicando às crianças de uma escola, o quanto é infundada a teoria da superioridade de raça.

“Boun Giorno Principessa” é a delicada canção que traduz a pureza e a autenticidade do amor entre Guido e Dora. O enredo do casal também é embalado por “Belle Nuit (Barcarolle)”, – ária da ópera “Os Contos de Hoffmann” -, interpretada por Montserrat Caballé e Shirley Verrett.

O conto de fadas de Giosué se torna realidade ao som da emocionante e arrebatadora “La Notte di Favola” e da marcha “Arriva il Carro Armato”. A bonita melodia “Abbiamo Vinto” enche nossos corações, no momento em que o menino reencontra sua mãe Dora e, – ainda eufórico e encantado -, lhe conta que acabara de ganhar seu tão desejado tanque. Essas músicas nos conectam com nossas emoções e lembranças mais profundas, despertando um sentimento esperança e gratidão.

É impossível manter-se apático a tal sequência musical, que de forma sublime emoldura a história do amor incomensurável de um pai e de uma mãe, por seu filho. Músicas têm o poder de nos colocar em sintonia com boas vibrações e bons sentimentos. Portanto, vamos cultivar o hábito saudável de apreciar arte de qualidade, para que essas edificantes sensações tornem-se parte de nós.

Seja qual for a configuração familiar ou as circunstâncias que a vida venha a apresentar, o maior legado que um pai pode deixar para seu filho é mostrar-lhe o que é amar. Feliz Dia dos Pais!

Por Mirianês Zabot
* Texto publicado em 02/08/20 na coluna “Ouvimos”, do Cine.RG

[ Site: www.mirianeszabot.com.br | Instagram: @mirianeszabot ] Facebook: Mirianês ZabotOficial

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