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LEMANN DIZ: “A CRISE ENSINA”

Jorge Paulo Lemann

LEMANN DIZ: “A CRISE ENSINA”

Do alto de seus mais de 50 anos como empresário, Jorge Paulo Lemann disse que estava refletindo sobre sua vida outro dia e concluiu: “Eu tive umas 12 crises nos meus 80 anos, quase uma a cada dez anos”, disse. “Eu quebrei quando tinha 26 anos, depois comprei uma corretora e no mês seguinte a bolsa caiu 70% e a corretora acabou, depois eu ia criar um banco de investimento e não aconteceu e por aí vai.”

E o que o levou a superar cada uma delas e chegar ao posto de segundo homem mais rico do Brasil é uma ideia um pouco batida nas conversas sobre negócios, mas extremamente atual: a crise ensina.

“A crise é dura, você sofre, mas também é uma oportunidade de melhorar e fazer diferente. O mundo está sempre mudando e a ideia de que as coisas vão ficar estáveis não existe, é preciso, cada vez mais, se adaptar às novidades. Sempre fui tenista e aprendi que você não ganha sempre e, quando perde, é importante ver por que perdeu e como vai melhorar na próxima vez”, disse fundador do 3G Capital, durante a XP Alternative Week, evento realizado pelo grupo XP Inc.

As reflexões, um tanto filosóficas, não surgiram em uma conversa sobre carreira ou sobre a trajetória do empresário, mas no painel “Private Equity: a alavanca de crescimento das empresas”, que contou com a participação de Guilherme Benchimol, fundador e CEO do grupo XP Inc. e André Street, cofundador e CEO da Stone.

Ao falar sobre as estratégias por trás do private equity – modalidade de investimento privado na qual grandes fundos fazem aportes diretamente em empresas-, em vez de citar números ou conceitos financeiros, os três empresários falaram sobre as suas maiores lições de negócios e de vida, provando que uma boa tacada nos investimentos não se trata apenas de gerir bem uma estratégia de risco, mas de vivência e até um pouco de intuição.

Capital intelectual

Ao explicar o private equity na prática, os empresários frisaram que é algo que vai além do dinheiro. Os fundos investem não apenas recursos financeiros nas empresas que fazem parte da sua carteira, eles dedicam tempo a elas e buscam passar sua visão de negócios.

“Normalmente, são fundos que já viram muita coisa dar certo e muita coisa dar errado. Eu adoro conversar com gente que fez errado, porque aí a gente não comete o mesmo erro”, diz Benchimol. “Esse capital intelectual é muito importante, não é só o capital em si, não é só o cheque que você está buscando, é algo a mais, que é a experiência”, completou o fundador da XP.

Lemann especificou o que significa esse capital intelectual que vem junto com o investimento de um grande fundo: “O empreendedor que capta dinheiro com um private equity bom tem acesso à mentoria desses fundos, que, em geral, têm experiência com empresas parecidas. Eles podem ajudar na boa governança, trazer ideias novas e contatos. Muito empreendedor não têm acesso a contatos no exterior e se o investidor de private equity é do exterior, ele pode trazer isso”.

Street, fundador da Stone, disse que essa troca de conhecimento é ainda mais importante quando o negócio está começando, por isso os investidores-anjos são peças fundamentais no crescimento da empresa rumo à atração de capitais mais robustos.

“Os investidores-anjos são empreendedores que têm mais experiência e te auxiliam no caminho. Antes de chegar à fase de atrair fundos de private equity, você precisa de empreendedores que conheçam o ciclo de negócio e consigam ver valor em uma equipe, em uma ideia e estejam dispostos, não só a colocar capital, mas principalmente a coisa mais valiosa de um empreendedor que é seu tempo”, diz Street.

Depois de conquistar o tão almejado aporte de um grande fundo, o recurso que entra dá credibilidade à empresa e o “cheque maior” permite escalar o negócio, até que a empresa chegue ao IPO (abertura de capital na Bolsa) ou à uma venda, segundo o fundador da Stone.

Erros e acertos

Lemann, um dos maiores investidores de private equity do país, que já aportou em empresas do quilate da Brahma (embrião do que viria a ser a Ambev), Burger King e da Heinz – e também investiu na XP e Stone, empresas de Benchimol e Street – também trouxe a visão do lado de quem garimpa as melhores oportunidades do mercado e falou sobre seus maiores aprendizados.

Entre erros e acertos, o empresário acredita que a falta de foco é uma das maiores armadilhas dos grandes investidores. “O que nós aprendemos nessa área é que quando nós tentamos fazer vários investimentos ao mesmo tempo, tivemos menos sucesso do que quando focamos em operações de private equity mais individualizadas”, disse Lemann.

Ele afirmou ainda que, após investir em uma empresa, o acompanhamento da companhia funcionou melhor quando foram indicadas pessoas que já faziam parte do time do que ao optar por uma pessoa de fora para gerenciar o novo ativo. “E quanto mais nós conhecíamos o negócio também funcionava melhor”, disse o fundador do 3G Capital.

Fonte: InfoMoney

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