CINEMA – ROCCO E SEUS IRMÃOS
Cine Denoy de Oliveira – CPC UMES apresenta: Rocco e Seus Irmãos, que será exibido hoje, às 19h.
“Rocco e Seus Irmãos” é uma tragédia em cinco atos, cada um dos quais leva o nome de um dos irmãos Parondi, onde cada um escolherá o seu próprio destino.
Os protagonistas são, mais uma vez, os vencidos, mas aqui os vencidos não são apenas pessoas, e sim uma civilização em vias de ser aniquilada. O tema da família destruindo-se em uma luta fratricida é um dos centros do filme e Visconti se ocupou principalmente do contraste entre Rocco e Simone e o destino de Nádia, revelando todo o seu talento nas cenas maternas, nas oposições violentas, nos diálogos acirrados, em particular entre os três protagonistas, presenças trágicas que expressam constantemente a dificuldade de viver no norte, numa sociedade desumana.
O filme também expõe a luta entre milaneses e sulistas. A Itália, observa Visconti, é um país dividido. Os sulistas que vão para o norte não são irmãos, mas estrangeiros. Como escreverá ao apresentá-lo, o filme segue o destino “de uma humanidade e uma civilização que, embora não tenham tido nada além de migalhas da grande festa do chamado milagre econômico italiano, ainda esperam para emergir do cerco de um isolamento moral e espiritual que é ainda baseado no preconceito tipicamente italiano que mantém o sul em condições de inferioridade em relação ao resto da nação ”.
A Milão que nos conta o milanês Visconti, observando-a com olhos de emigrantes, é uma cidade expressionista, inóspita, enevoada, onde casas populares, ginásios e parques são cenários teatrais, desprovidos de humanidade. Milão, a cidade do norte, a mais avançada do país, é sede de incuráveis conflitos sociais e, acima de tudo, uma cidade mal-assombrada que transforma as pessoas para pior.
A cena final de Luca que se afasta das portas da Alfa Romeo e do discurso progressista de seu irmão Ciro, não parece deixar dúvidas sobre o que realmente pensa Visconti: encapsulado num progresso desprovido de história, a Itália e o que resta da família Parondi caminham para um futuro sem raízes e sem beleza.
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