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CINEMA: JANELA PARA A HUMANIDADE

Cinema: Janela para humanidade

O Cinema pode ser bastante interessante para fazer certas analogias com a realidade. Em certos momentos podemos nos imaginar dentro daquelas narrativas, como se fôssemos os personagens. Claro que não somos. Mas, muitas vezes, parece.

E, agora, mais do que nunca, é possível reconhecer nos filmes, semelhanças de sentimentos vividos, de desespero, de flagelo social. É a atmosfera de uma época onde se desenvolvem variados temas: a peste, a fome, a guerra. E ainda, os regimes autoritários e a capacidade que eles têm de interferir no cotidiano das pessoas. O discurso repetido de descaso com o sofrimento o potencializa a um grau inimaginável. Os dramas sociais sempre foram ricamente representados no cinema.

O cineasta Roberto Rossellini é o mestre do assunto. Como não imaginar estar diante de “Roma, Cidade Aberta” ao reconhecer na expressão de tortura no rosto da atriz Anna Magnani, as nossas feridas? O sofrimento que é o retrato de um país e de uma época. O filme, de 1945, é o primeiro da trilogia da guerra de Rossellini que se completa com “Paisà” (1946) e “ Alemanha, Ano Zero” (1948).

O Brasil da pandemia tem sua dor potencializada pelo desrespeito. Enquanto o país deveria estar com foco exclusivo no combate ao vírus mortal, está discutindo o formato da terra. É bastante triste quando representantes fogem de suas responsabilidades em momentos cruciais como o que estamos agora. Além de todas as dificuldades soma-se a elas o total desamparo. As marcas serão eternas.

Vamos precisar, entre os filmes brasileiros, daqueles capazes de representar a dor deste momento. O cinema será fundamental para ajudar a compreender a dimensão da nossa tragédia porque talvez ainda a desconhecemos como sociedade. Falta resiliência ao país. Falta a capacidade de olhar para a realidade. Insistir na alegria agora é algo completamente insano, além de ser totalmente ineficiente para colaborar com a pandemia que tem de ser controlada.

A esperança é um consolo e também uma fuga. Não há esperança agora. A esperança é o desejo de que tudo passe. Mas, não passou, ao contrário, piorou e pode piorar mais. Então, é necessário ação permanente de combate. A hora é de luta, de proteção e de colaboração.

Renata Saraceni
Produtora, Cineasta


 
Imagem: Roma Cidade Aberta

Agência Difusão

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